"Pergunta: Quando alguma coisa é inconsciente, seja para o extrovertido ou para o introvertido, ela aparece sempre no exterior, em sua forma projetada?
Dra. von Franz: Não. Eu tenho visto que, no caso dos extrovertidos, muito freqüentemente ela aparece sob a forma de uma visão ou de uma fantasia. Muitas vezes me impressionei com o fato de que os extrovertidos, quando contatam o seu outro lado, têm uma relação muito mais pura com o interior do que o introvertido. Tenho ficado até enciumada! Eles têm uma relação ingênua, genuína e pura com os fatos interiores, porque conseguem ter uma visão e levá-la de imediato a sério de forma bem ingênua. Num introvertido, essa visão é sempre distorcida pela sombra extrovertida, que a coloca em dúvida. Pode-se dizer que, se um extrovertido entrar na sua introversão, esta será especialmente genuína, pura e profunda. Comumente, os extrovertidos têm tanto orgulho disso que se vangloriam com espalhafato de serem grandes introvertidos. Eles tentam tornar isso um troféu — o que é tipicamente extrovertido — e assim arruínam tudo. Contudo, se eles não estragarem a introversão com a vaidade, pode-se observar que podem ter uma conduta introvertida muito mais infantil, ingênua, pura e realmente genuína do que os introvertidos. O mesmo acontece com o introvertido; se acordar para a sua extroversão inferior, ele poderá espalhar à sua volta um calor de vida, tornando seu ambiente um festival simbólico, melhor do que qualquer extrovertido! Poderá dar á vida exterior uma profundidade de significado simbólico e um sentimento vital semelhante a uma festa mágica, algo que o extrovertido não consegue. Se um extrovertido for a uma festa, estará pronto a dizer que todos são maravilhosos e "Vamos, continuemos com a festa". Contudo, essa é uma técnica e, por isso, a festa nunca, ou muito raramente, alcançará uma profundidade mágica, mantendo-se num agradável nível superficial. Mas se um introvertido conseguir trazer para fora sua extroversão de maneira adequada, poderá criar uma atmosfera onde as coisas externas se tornam simbólicas: tomar um copo de vinho com um amigo se transforma em algo como uma comunhão, e assim por diante. Entretanto, não se deve esquecer que a maioria das pessoas esconde o seu lado inferior genuíno com uma pseudo-adaptação."
FRANZ, Marie-Louise von. A TIPOLOGIA DE JUNG (Jung's Typology). Editora Cultrix: São Paulo, 1995.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
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