sábado, 6 de novembro de 2010

Um pouco de Fernando Pessoa e Von Thronstahl/The Days of the Trumpet Call

 O Quinto Império

Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raíz --
Ter por vida sepultura.

Eras sobre eras se somen
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!

E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.

Grécia, Roma, Cristandade,
Europa -- os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?
 


  NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.


Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!


Valete, Frates



Músicas retiradas do álbum Pessoa/Cioran, um split de Von Thronstahl e The Days of the Trumpet Call. O mesmo (e outros) pode ser baixado AQUI.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A Natureza


"A natureza é o grande reino das coisas, das que não querem nada conosco, que não nos acusam, nem solicitam de nós reações sentimentais, que permanecem diante de nós mudas, como um mundo em si mesmo, externamente estranho a nós.
Isso é estritamente o que necessitamos... Aquela realidade sempre grande e distante, que repousa em si mesma, muito além das pequenas alegrias e das pequenas dores do homem. Um mundo de objetos, fechados em si mesmo, nos quais nós mesmos sentimo-nos como um objeto. Pleno desapego daquilo que é apenas subjetivo, de toda vaidade e nulidade pessoal: esta é para nós a natureza." -
Matzke

Retirado e traduzido de "Cabalgar el Tigre", de Julius Evola.