domingo, 8 de maio de 2011

Sei que me esperas


Sei que me esperas

Sei que me esperas lutas e confias
na minha voz subterrânea de combate
na força dos meus gritos de rebate
na coragem das minhas agonias

Sei que esperas nas ruas ou vielas
nas aldeias no mar ou nas cidades
em todos os lugares em que haja celas
olhos petrificados de ansiedades

Anda comigo, vou falar da esperança
da vida que ainda agora principia
Perde essa amarga e vã desconfiança
toma a minha mão de amigo e confia

Anda comigo, eu canto as tuas dores
sou mais poeta sendo teu irmão
Nesta densa floresta sem flores
o sangue e a alma são o mesmo pão

Quando as verdades forem as que amamos
no silêncio do nosso pensamento
E a força que nos guia o movimento
ganhar a paz que tanto desejamos

Quando rufarem todos os tambores
anunciando a grande cavalgada
e os heróis coroados de flores
cantarem a vitória desejada

Vamos colher o trigo semeado
cantar a vida pelos campos fora
a pouco e pouco vai nascer a aurora
e é muito urgente estarmos lado a lado.


Poema por João Apolinário, música por Luís Cília.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pena que João Apolinário foi um ferrenho inimigo e combatente do fascismo, seja tanto em Portugal como por aqui no Brasil.

Sigthor disse...

Sim.
Isso mostra como uma poesia pode ter diversas interpretações.

Postar um comentário