quinta-feira, 15 de abril de 2010

Jacó e o Banco Invisível


            Podemos chamar de demagogo, nojento, mesquinho e sovina a esse tipo de gente, mas esta gente também é esperta, é rasteira e baixa. E a este povo que Jacó pertence, mas, com toda sua esperteza, ele esconde sua verdadeira face, da mesma forma que o ator profissional reveste-se com algum personagem, ocultando sua personalidade real. Porém, Jacó, este vil sujeito, não o faz por arte, nem para divertir multidões. Jacó o faz para enganar e enriquecer. Orientado, pela família, nas técnicas da usura e do proveito, cresceu usando os demais como escada para alcançar suas obsessões materiais. Já se encontra velho, um tanto calvo e rechonchudo, seu nariz é grande e possui a forma de gancho, seu cabelo é crespo. É o tipo de pessoa que não inspiraria confiança em ninguém, mas, isto, ele compensa com sua lábia e sua habilidade que mais parece a de um comerciante do Oriente Médio, tamanha sua persuasão. Este seu lado, o verdadeiro, sua real natureza, poucos são os que conhecem, e os que conhecem são de mesmo nível desprezível.
            Em suas campanhas, apresenta-se como “homem-de-bem”, defensor dos bons-valores e da família. Seus discursos sempre são inflamados, com palavras simples e diretas. Jacó é um verdadeiro populista. Quando vai às ruas, multidões o acompanham. . Jacó sempre faz o tradicional “V” de “Vitória”, assim como fazia Churchill, na Inglaterra. Ainda vai além, pois é costume desse nosso político o gesto de beijar bebês, segurar crianças no colo e saudar, calorosamente, a multidão. A mesma multidão acredita em todas as promessas absurdas de Jacó. O povo diz que “agora, nós vamos pra frente!”, diz “Deus ajude o seu Jacó!”. Se Jacó ouvisse tais declarações, iria rir enquanto pensava “Meu Deus é o dinheiro!”. Um é o político, mas outro é a pessoa, a única coisa que liga os dois monstros é o dinheiro. Não se sabe qual sua posição política; ora faz aliança com vermelhos comunistas e outra ora se alia aos ricos capitalistas. Com sua esperteza, já sabe que o povo não dá atenção aos detalhes.
            Ao encostar-se em seu fino travesseiro, em sua grande mansão, Jacó não pensa em quantos já enganou ou em quantos já despejou seu ácido venenoso, Jacó apenas pensa em quantos tolos ainda poderão ser enganados e quantos desprevenidos existem para que possa despejar, maldosamente, todo seu veneno corrosivo. Ele tampouco se arrependeu de suas várias personalidades, só imagina como fará o povo cumprir seus desejos, como enriquecer mais e mais. E, ao cair em profundo sono, sonha com um templo quadrado de ouro, suspenso no céu de cifras monetárias, onde aprende e ensina a seus outros “eus”, a Cabala do Dinheiro

Abril de 2010, em Khaostopia.

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