segunda-feira, 19 de abril de 2010

Recordar e Aplicar - Vida e Luta; Páginas e Escudo


Recordar e Aplicar
Vida e Luta; Páginas e Escudo

          Não entendo o mundo moderno e suas verdades, tampouco suas metas e seus meios. Muito mais me encanta o antigo, o intocado pela modernidade. Pois uma das máximas da atualidade é a do suposto avanço que presenciamos nestes séculos mais recentes, um avanço que seguiria para todos os lados possíveis, expandindo o campo de visão do homem a distâncias e paisagens jamais contempladas. Eis uma ilusão de proporções colossais, titânicas.
            Hoje se crê que é bom viver por longo tempo, ser um ancião, e quase todos serão. A grande felicidade é tornar-se velho, mesmo que não tenha mais motivos para viver, mesmo que não existam mais ideais, mesmo que não existam mais canções ou novidades para serem contempladas. Apenas deseja-se ser. Ser por ser e só. Admiram viver em um mundo pelo qual apenas se passa, permanece e se vai sem grandes feitos e sem realizar sua vontade ou, ao menos, possuir uma vontade. "Nossa depressão é nossas vidas” (Clube da Luta) e não há nada de importante para fazer por aqui. Tudo é facilitado, nascemos apenas para crescer, consumir, votar e morrer. "A vida passa e ninguém vê" e também não há grandes atrações para serem vistas. Largaram-se os mitos para cultuar a razão; esta grande armadilha, uma dama ingrata e limitada. Com essa vida débil e lerda, os heróis morrem, o heroísmo fica nos livros e os homens passam a rastejar por compaixão.
            Ao pensar numa possibilidade existencial diferente, só consigo conceber algo antigo e mitológico, anterior à vulgar era cristã. Perguntar-se-ão alguns se não seria um mundo amargo, um em que tudo vai e vem com breve facilidade. De fato, ele é. Mas é um mundo de potencial, de “vontade-de-potência”. Há muito mais verdade em um mundo deste do que há nisso que vivemos. Antes viver poucos anos intensamente a viver 80 anos como um robot. Antes morrer jovem na guerra a morrer velho por alguma doença que, ao contrário de tantas outras, não pôde ser evitada.
            A sociedade está contaminada por algo chamado "amor ao próximo" e padece de falsa-filantropia. Cuida-se demais do humano. Os mais incapacitados, os mais fracos, os mais baixos e vis homenzinhos têm a chance de viver nas mesmas condições que os capazes e promissores. Talvez alguém se levante agora e diga que não são iguais, pois o "capitalismo é selvagem", e não discordo; Mas é quase regra geral que, mesmo que pobre, se consigam as condições necessárias para sobreviver até avançada idade. O culto à igualdade se torna implacável, o culto à mediocridade se torna inevitável. Desvendar qual tipo de vida vale mais é a tarefa mister para responder um importante questionamento dentro do assunto.
            Algum canto entoado em um lugar muito distante chega até nós nessa era, lembrando-nos de mundos INexistentes, mas que são tão reais quanto o chão que pisoteamos. É o caminho conducente em meio tanta loucura e insignificância. Sem ele, não poderíamos encarar os vultos do momento e dizer "Humano, demasiado humano". Se tudo é assim, tão estúpido, se o universo apenas é usado como degrau para avançar na escala da evolução e nos caminhos kármicos, não há motivo para prezar por nada. Preferimos fazer como os antigos, nossos antepassados, que tinham a guerra como meio de vida e que tinham a vontade como guia. Sem piedade, sem compaixão, apenas com um sentimento misantrópico e uma vontade direcionada: que a Lei do Forte seja manifesta. E até os incapazes sentir-se-ão alegres, mesmo que se contentem com tão pouco, porque que terão chance na próxima encarnação. Assim nos apartaríamos das doenças do homem moderno.
            A vida é luta, e sempre será. O mundo não é mais que um campo de batalha. Apenas existimos para sobreviver entre as ruínas. Antes viver onde nos deparamos com os fatos puros e essenciais da real natureza que nos cerca e com a real natureza que nos constitui a viver onde nos deparamos com problemas criados por e para nós mesmos, problemas e abstrações idealizadas por outros como se fossem normas e padrões absolutos comuns à todos.
            Enquanto debate-se em uma pequena cela existencial, o homem moderno zomba do antigo, chamando-o de primitivo e tolo por acreditar em seus próprios mitos. Ao mesmo tempo, alguns visionários - Carl Gustav Jung, por exemplo - que escutam a canção antes citada, provam que o homem antigo estava muito mais próximo da totalidade psíquica e muito mais consciente de suas necessidades e vontades interiores que o homem moderno. Lembre-se que "O crepúsculo dos Deuses é apenas dos Deuses, mas a Ressurreição dos Deuses é a ressurreição dos Heróis!". Dos símbolos eternos e dos mitos indestrutíveis, obtemos inspiração para fazê-los realidade.
Semper fi!
Auf Wiedersehen!

obs: Para acompanhar o texto e todo seu conteúdo:
Banda: Ensiferum
Música: Ferrum Aeternum

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