sábado, 10 de abril de 2010

Arte e Temporalidade

Lendo o livro “O Homem e seus símbolos”, me deparei com um capítulo escrito pela Dra. Aniela Jaffé, sobre o simbolismo nas artes plásticas e, lá, ela cita o pintor francês Jean Bazaine em suas Notas sobre a Pintura Contemporânea:
 "Ninguém pinta como quer. Tudo que um pintor pode fazer é querer, com todas as suas forças, a pintura de que a sua época é capaz."
Ela também cita o artista alemão Franz Marc, morto na 1ª Grande Guerra:
"Os grandes artistas não buscam suas formas nas brumas do passado, mas sondam tão profundamente quanto podem o centro de gravidade recôndito e autêntico da sua época."
Ainda cita Kandinsky em seu famoso ensaio A Propósito do Espiritual em Arte:
 "Cada época recebe sua própria dose de liberdade artística, e nem mesmo o mais criador dos gênios consegue transpor as fronteiras desta liberdade."

Eu discordo totalmente dessas afirmações. Nossa era é um lixo, um depósito de tudo que é baixo, vulgar e absurdo. As artes puras e belas estão esquecidas, a música sublime é vulgarizada, toda transcendência pende para o lado errado. Que faríamos se nos prendêssemos aos conceitos e labirintos culturais desta época? Digo-lhes: Encheríamos as fileiras das massas igualitárias, das mentes baixas e pardacentas, seríamos mais um pingo nessa lama fétida e horrível. Devemos resistir.
Não digo para resistirmos “pintando o que queremos”, como colocaria Jean Bazaine, mas para não retratarmos ou nos atermos ao presente. Devemos pintar uma época passada e gloriosa que deve servir como uma imagem-meta para o futuro. Uma era de ouro que reside na memória nostálgica e que também servir-nos-á de inspiração para uma exteriorização do conceito ao mundo; o passado nostálgico, imperial, ário, pagão, dourado, heróico servindo de inspiração para a criação de um IMPERIVM.
O mundo atual, (Pintura de Harald Damsleth)
O que reside no sangue e nos orienta

Ao falarmos de Imperivm, permeamos um conceito muito interessante, que é o de correspondência entre microcosmos e macrocosmos, pois o que está no interior é correspondente, análogo, ao que está no exterior. A criação de um Imperivm exterior só é tarefa válida se for executada por aqueles que já dominaram seu microcosmo da mesma forma como se domina um império. Com o microcosmo controlado, com seus impulsos regulados, com seu “Eu” isolado, se faz real a possibilidade de ação no plano exterior. Um imperivm exterior é o reflexo do interior e podemos tomar de inspiração o imperivm exterior para consolidarmos aquele que está dentro de nós. Essa é uma possibilidade que repousa no SANGUE, repousa no atemporal, logo não tem relação direta com o tempo presente.
Microcosmo e Macrocosmo, conceitos análogos

Aqui, abre-se uma brecha para evidenciar um conceito importante sobre tal a frase de Jean Bazaine. Por mais que os valores que exaltamos estejam sumidos no mundo exterior, a nossa busca muito bem poderia ser analisada exteriormente como um processo inerente à época, validando a afirmação do pintor francês. Por que isso tornaria a afirmação que contrariei como válida? Colocarei duas possibilidades:
Primeira – As idéias de Imperivm SEMPRE estão presentes, pois é um reflexo da queda e de nossa origem. Esta idéia acerca-se da metafísica, tornando nossas reflexões atemporais, imanentes ao humano – nem todos – e eternas. Logo estaria viva em toda e qualquer época.
Segunda – O último grande Imperivm caiu há quase um século. Depois de tantos anos sofrendo calúnias, acusações mentirosas, distorções movidas pelos beneficiados em tal ato desprovido de honra, os seus admiradores começam a se reerguer de forma majestosa em todos os rincões do mundo. Um sentimento de vingança e de honra aconchega os jovens que encontram, nos fatos passados, um sentido-maior de nostalgia espiritual. Logo, historicamente, a idéia está viva na própria época, mesmo que seja sufocada.

 “Os grandes artistas não buscam suas formas nas brumas do passado, mas sondam tão profundamente quanto podem o centro de gravidade recôndito e autêntico da sua época."

O que defendo aqui é que, mesmo nessa época indesejável, nossos ideais devem ser mantidos. E devemos expressá-los, seja nas artes, seja na política e na guerra. Devemos expressá-los como faríamos 3000 anos antes da Vulgar Era Cristã ou como fizemos um século atrás. Nossos Deuses sempre foram os mesmos, nossas orientações sempre foram as mesmas, nossas fontes arquetípicas são as mesmas. A única coisa que pode mudar é a linguagem habitual pela qual nós afirmamos nossos signos. Estamos em uma época perdida, mas não é por isso que devemos retratá-la, principalmente se temos a possibilidade de afirmar, nas obras, a nostalgia da voz-de-sangue.

Semper-Fi!
Auf Wiedersehen!

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